Este outono passado eu assisti o filme "Cidade de Deus", que foi distribuído recentemente ao DVD.
"Cidade de Deus" marcou época na história do cinema brasileiro. Baseado no romance de Paulo Lins, é uma saga urbana que acompanha o crescimento do conjunto habitacional de Cidade de Deus, entre o fim dos anos 60 e o começo dos anos 80, pelo olhar de dois jovens que moram na comunidade: Buscapé, que sonha se tornar fotógrafo, e Dadinho que se torna um dos maiores traficantes do Rio de Janeiro. Nos anos 70, Zé Pequeno encontra um rival: Mané Galinha, que quer vingança pelo estupro de sua namorada e pela morte de seu irmão. Estoura a guerra na Cidade de Deus. Nesse meio tempo, Buscapé, que sempre sonhou ser fotógrafo, consegue sua primeira câmera profissional. Registrar esta guerra será a grande chance de sua vida.
"Cidade de Deus" mostra mais uma vez a grande fase que vive o Cinema Nacional. É realmente animador ver filmes como esse e saber que trata-se de uma produção nacional. Nesse filme temos todos ingredientes de um grande filme: uma boa história, uma direção correta e principalmente uma crítica social. "Cidade de Deus" é verdadeiro, nos mostra uma realidade nada bonita e nos faz olhar para onde nunca olhamos e por um outro ponto de vista. O que vemos na tela é um retrato da nossa realidade, a sensação que temos durante o filme é bem conflitante. Em um primeiro momento determinadas cenas são chocantes, mas no decorrer do filme vamos nos acostumando e o pior é que na vida funciona da mesma forma. O grau de violência em que chegamos já foi considerado algo inadmissível, mas se tornou algo tão comum que nos acostumamos. "Cidade de Deus" tem o mérito de retratar a realidade de uma parte do povo que se encontra desamparada e sem voz e hoje, quando ouve-se falar em poder paralelo, talvez nós possamos entender que a responsabilidade desse tipo de evento se deu por conivência do poder público e, acima de tudo, porque essas comunidades nunca receberam atenção de nossos governantes e acabaram vivendo uma “realidade paralela”. "Cidade de Deus" é muito verdadeiro e talvez por isso não haja mocinhos e bandidos, o que há são personagens de nossa realidade.
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